Ecossistemas naturais Brasileiros
Com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil possui grande
variedade de paisagem e de cultura; tendo desde o semi-deserto até a
biodiversidade mais rica do planeta; desde tribos de índios até modernas gerações
interessadas na mundialização.
Existem regiões importantes como as bacias sedimentares do Pantanal e da
Amazônia, a Floresta Atlântica e a imensa orla marítima que chama a atenção
mundial. A variedade cultural e paisagística e a falta de conflitos étnicos e
fronteiriços deixa o Brasil em posição privilegiada, ressaltando seu potencial
turístico, sobretudo o turismo ecológico.
Ecossistema é definido como um sistema aberto que inclui, em uma certa
área, todos os fatore físicos e biológicos (elemento biótipos e abioticos) do
ambiente e suas interações o que resulta em uma diversidade biotica com
estrutura trofica claramente definida e na troca de energia e matéria entre
esses fatores. "A biocenose e seu biotopo constituem dois elementos
inseparáveis que reagem um sobre o outro para produzir um sistema mais ou menos
estáveis que recebe o nome de ecossistema" (Tansley, 19355).
O ecossistema é a unidade funcional de base em ecologia, porque inclui,
ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com todas as interações
reciprocas entre o meio e os organismo"(Dajoz, 1973).
"Os vegetais , animais e microorganismo que vivem numa região e
constituem uma comunidade biológica estao ligados entre si por uma intrincada
rede de relações que inclui o ambiente físico em que existem estes organismo.
Estes componentes físicos e biológicos interdependentes formam o que os
biológicos designam com o nome de ecossistema". (Ehrlich & Ehrlich,
1974).
"O espaço limitado onde a ciclagem de recursos através de um ou
vários níveis tróficos é feita por agentes mais ou menos fixos, utilizado
simultânea e sucessivamente processos mutuamente compatíveis que geram produtos
utilizáveis a curto ou longo prazo" (Dansereau, 1978).
"É um sistema aberto integrado por todos os organismos vivos
(compreendido o homem) e os elementos não viventes de um setor ambiental
definido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais de funcionamento
(fluxo de energia e ciclagem de matéria) e auto-regulação (controle) derivam
das relações entre todos os seus componentes, tanto pertencentes ao
ecossistemas naturais , quanto aos criados ou modificados pelo homem"
(Hurtubia, 1980).
"Sistema integrado e auto funcionamento que consiste em interações
de elementos biótipos e abioticos; seu tamanho pode variar consideravelmente"(USDT,
1980).
"A comunidade total de organismo, junto com o ambiente físico e
químico no qual vivem se denomina ecossistema, que é unidade funcional da
ecologia" (Beron, 1981) (Vocabulário Básico do Meio Ambiente compilado por
Iara V. D. Moreira, FEEMA, 1992).
FLORESTA AMAZÔNICA
A Amazônia é o maior bioma terrestre do planeta, cuja área avança em 9
países da América Latina (Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana Francesa e Suriname). A bacia hidrográfica do Amazonas ocupa
uma área de 7.050.000 km3. Em termos geopolíticos a Amazônia legal brasileira
ocupa 60 % do território nacional. Apesar de ser o maior estado brasileiro,
possui a menor densidade demográfica humana, com menos de 10 % da população do
pais.
A Amazônia é um dos mais preciosos patrimônios ecológicos do planeta. É
na realidade um grande Bioma, composto por diversos ecossistemas interagindo em
equilíbrio. 65 % de toda a área amazônica é composta pela floresta tropical
úmida de terra firme, sendo que o restante é constituído por matas de cipó,
campinas, matas secas, igapós, manguezais, matas de várzeas, cerrados, campos
de terra firme, campos de várzeas e matas de bambu. Toda a rede de rios,
córregos, cachoeiras, lagos, igarapés e represas constituem os ecossistemas
aquáticos da Amazônia.
A bacia amazônica é um dos locais mais chuvosos do planeta, com índices
pluviométricos anuais de mais de 2.000 mm por ano, podendo atingir 10.000 mm em
algumas regiões. Durante os meses de chuvas, a partir de dezembro, as águas
sobem em média 10 metros, podendo atingir 18 metros em algumas áreas. Isto
significa que durante metade do tempo grande parte da planície amazônica fica
submersa, caracterizando a maior área de floresta inundada do planeta, cobrindo
uma área de 700.000 Km2. A Amazônia é a maior floresta do mundo, representando
35 % de toda as florestas do mundo. É considerada também uma das mais antigas
coberturas florestais, permanecendo estabilizada a cerca de 100 milhões de
anos.
O rio Amazonas é o maior e mais largo rio do mundo e o principal
responsável pelo desenvolvimento da floresta Amazônica. O volume de suas águas
representa 20 % de toda a água presente nos rios do planeta. Têm extensão de
6.400 quilômetros, vazão de 190.000 metros cúbicos por segundo (16 vezes maior
que a do rio Nilo), conta com mais de 1.000 afluentes. Sua largura média é de
12 quilômetros, atingindo freqüentemente mais de 60 quilômetros durante a época
de cheia. Na foz, onde deságua no mar, a sua largura é de 320 quilômetros. A
profundidade média é de 30 a 40 metros. As áreas alagadas influenciadas pela
rede hídrica do Amazonas, formam uma bacia de inundação muito maior que muitos
países da Europa, juntos. Apenas a ilha do Marajó, na foz do Amazonas, é maior
que a Suíça.
Em termos biológicos é a região com a maior biodiversidade de todos os
continentes. Comporta metade das espécies de aves hoje conhecidas, possui a
maior diversidade de insetos (especialmente borboletas), répteis e anfíbios.
Possui mais espécies de peixes que o oceano Atlântico. As águas da Amazônia
também são ricas em caranguejos, camarões, serpentes, tartarugas, lagartos,
golfinhos (entre eles o boto cor-de-rosa), lontras, jacarés e tubarões, os
quais sobem centenas de quilômetros nos rios em busca de peixes. Dezenas de
aves aquáticas exploram as águas, ricas em alimento. O maior roedor, os maiores
papagaios, as maiores cobras, os maiores
peixes (o pirarucu pode atingir mais de 3 metros de comprimento e pesar 180
quilos), as maiores árvores tropicais e os maiores insetos vivem na Amazônia. A
diversidade de mamíferos, especialmente macacos e felinos, é muito grande. 30
espécies de macacos são endêmicas da mata amazônica.
O conhecimento da fauna e flora da Amazônia ainda é extremamente
precário. Acredita-se que não se conheça nem a metade das espécies que habitam
as suas matas e rios . A principal característica da Amazônia é a sua
inacessibilidade, o que dificulta a sua exploração e estudo.
A Amazônia é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos
humanos primitivos. As dezenas de tribos ainda existentes espalham-se em
territórios dentro da mata, mantendo seus próprios costumes, linguagens e
culturas, inalterados por milhares de anos. Antropólogos acreditam que ainda
existam povos primitivos desconhecidos, vivendo nas regiões mais inóspitas e
inacessíveis.
Oficialmente existem dois parques nacionais na Amazônia brasileira, o
Parque Nacional do Tapajós e o Parque Nacional do Pico da Neblina. O primeiro,
com 1 milhão de hectares de floresta tropical úmida, e o segundo com extensão
de 2.200.000 hectares. O parque do Pico da Neblina se une ao parque Serrania de
la Neblina, na Venezuela, com 1.360.000 hectares, formando em conjunto um dos
maiores complexos bióticos protegidos do mundo.
Os impactos resultantes da exploração humana da Amazônia são muitos. O
desmatamento e as queimadas para a formação de pastos para o gado tem destruído
imensas áreas de florestas virgens todos os anos, há décadas. Estima-se que a
área de pastos (naturais e criados por desmatamento) na Amazônia seja de mais
de 20 milhões de hectares. O problema é que os pastos não resistem por muito
tempo, uma vez que o solo amazônico é muito pobre em nutrientes. Isto faz com
que os criadores avancem constantemente para o interior da floresta em busca de
novas terras.
Mineração, caça e pesca indiscriminada, contrabando de animais raros e
espécies em extinção, poluição, e queimadas criminosas são alguns dos
principais fatores de perturbação da Amazônia.
A comunidade científica mundial, ciente do potencial ecológico,
geológico, científico e farmacológico da Amazônia, tem alertado constantemente
as autoridades políticas para a necessidade de uma política de preservação e
uso equilibrado da floresta. Esta política deve ser implantada o mais rápido
possível para que os danos atualmente existentes sejam revertidos.
MATA ATLÂNTICA
Originalmente, essa exuberante floresta tropical, que cobria um
território pouco maior que 1.000.000 km2, espraiava-se pela costa do Rio Grande
do Norte ao Rio Grande do Sul, avançando pelo interior em extensões variadas. A
Mata Atlântica praticamente ocupava todo o Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná e Santa Catarina, bem como parcelas significativas de Minas
Gerais , Rio Grande do Sul e Mato Groso do Sul, logrando alcançar a Argentina e
o Paraguai.
Infelizmente, desse imenso corpo florestal, que outrora cobria 12% do
território brasileiro, restam apenas 9% de sua extensão original. Rios
importantes para a economia regional e o meio ambiente, como o Paraíba do Sul,
São Francisco, Doce e Jaquitinhonha encontram-se poluídos ou assoreados por
causa dos sedimentos arrastados pela erosão do solo desprotegido de vegetação.
Semelhante ao que ocorre com a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica reúne formações vegetais diversificadas e
heterogêneas. À primeira vista, podemos distinguir três tipos de florestas,
diferentes em sua composição e aspectos florísticos, mas que guardam, porém,
aspectos comuns: as ombrófilas densas, com ocorrência ao longo da costa;
semideciduais e deciduais, pelo interior do Nordeste, Sudeste, Sul e partes do
Centro-Oeste; as ombrófilas mistas (Pinheirais) do Sul do Brasil. Um dos
motivos para preservar o que restou da Mata Atlântica é sua rica
biodiversidade, varieade de plantas e animais. Calcula-se que nela existam mais
de 800 espécies de aves, 180 anfíbios e 131 mamíferos, inclusive as quatro
espécies de mico-leão que são exclusivos daquele ecossistema.
Área total: aproximadamente 1.000.000 km2
Área total atual: aproximadamente 120.000 km2
CERRADO
Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas,
esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com
campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma
extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a
toda a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito
tempo, foi considerada uma área perdida para a economia do país.
Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o
araçá, a sucupira, o pau-terra, a
catuaba e o indaiá. Debaixo dessas
árvores crescem diferentes tipos de capim,como o capim-flecha, que pode
atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou
matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que
margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti
domina a forma paisagem e as veredas de buriti
Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos
planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e
apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o
inverno é demarcado por um período de seca que prolonga-se por cinco a seis
meses. Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.
A presença humana na região data de pelo menos 12 mil anos, com o
aparecimento de grupos de caçadores e coletores de frutos e outros alimentos
naturais. Só recentemente, há cerca de 40 anos, é que começou a ser mais
densamente povoada.
Área total: aproximadamente 2.100.000 km2.
CAATINGA
Quando chega o mês de agosto, parece que a natureza morreu. Não se vêem
nuvens no céu, a umidade do ar é mínima, a água chega a evaporar 7mm por dia e
a temperatura do solo pode atingir 60º C. As folhas da maioria das árvores já
caíram e assim, o gado e os animais nativos, como a ema, o preá, o mocó e o
camaleão, começam a emagrecer. As únicas cores vivas estão nas flores douradas
do cajueiro, nos cactus e juazeiros. A maioria dos rios pára de correr e as
lagoas começam a secar.
Algumas plantas têm as folhas muito finas. Os espinhos dos cactus são o
extremo deste tipo de folha. Outras têm sistemas de armazenamento de água, como
as barrigudas. As raízes cobrem a superfície do solo, para capturar o máximo de
água durante as chuvas leves. As espécies mais abundantes incluem a mimosa, a
emburana, a catingueira, a palmatória, a aroeira, o umbu, a baraúna, a
maniçoba, a macambira, o xique-xique, o mandacaru, a quixabeira e o juazeiro,
uma das poucas que não perde suas folhas durante a seca.
A Caatinga é uma extensa região do Nordeste brasileiro, que ocupa mais
de 70% de sua área (11% do território brasileiro), também chamada de sertão.
Nessa época do ano, a região, de árvores e arbustos raquíticos, cheios de
espinhos, tem um aspecto triste e desolador.
Quando volta a chover, no início do ano, a paisagem parece explodir de
tanto verde.Apesar de raso e conter grande quantidade de pedras, o solo da
Caatinga é razoavelmente fértil. As árvores cobrem-se de folhas rapidamente e o
solo, em geral pedregoso, fica forrado de pequenas plantas, e a fauna volta a
engordar.
A vegetação adaptou-se para se proteger da falta d’água. Quase todas as
plantas usam a estratégia de perder as folhas, eliminando a superfície de
evaporação quando falta água.
Área total: aproximadamente 1.100.000 km2.
CAMPOS
De maneira genérica, os campos da região Sul do Brasil são denominados
como “pampas”, termo de origem indígena para “região plana”. Esta denominação,
no entanto, corresponde somente a um dos tipos de campo, mais encontrado ao sul
do Estado do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.
Outros tipos conhecidos como campos do alto da serra são encontrados em
áreas de transição com o domínio de araucárias. Em outras áreas encontram-se,
ainda, campos de fisionomia semelhantes à savana.
Os campos, em geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e
não climáticas. A pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o
estabelecimento da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da
área de distribuição dos Campos do Sul.
A região geomorfológica do planalto de Campanha, a maior extensão de
campos do Rio Grande do Sul, é a porção mais avançada para oeste e para o sul
do domínio morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares. Nas áreas de
contato com o arenito botucatu, ocorrem os solos podzólicos vermelho-escuros,
principalmente a sudoeste de Quaraí e a sul e sudeste de Alegrete, onde se
constata o fenômeno da desertificação. São solos, em geral, de baixa
fertilidade natural e bastante suscetíveis à erosão.
À primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente
uniformidade, apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo – de
60 cm a 1 m -, ralo e pobre em espécies, que se torna mais denso e rico nas
encostas, predominando gramíneas, compostas e leguminosas; os gêneros mais
comuns são: Stipa, Piptochaetium, Aristida, Melica, Briza. Sete gêneros de
cactos e bromeliáceas apresentam espécies endêmicas da região. A mata aluvial
apresenta inúmeras espécies arbóreas de interesse comercial.
Na Área de Proteção Ambiental do Rio Ibirapuitã, inserida neste bioma,
ocorrem formações campestres e florestais de clima temperado, distintas de
outras formações existentes no Brasil. Além disso, abriga 11 espécies de
mamíferos raros ou ameaçados de extinção, ratos d’água, cevídeos e lobos, e 22
espécies de aves nesta mesma situação. Pelo menos uma espécie de peixe, cará
(Gymnogeophagus sp., Família Cichlidae) é endêmica da bacia do rio Ibirapuitã.
A vocação da região de Campanha está na pecuária de corte. As técnicas
de manejo adotadas, porém, não são adequadas para as condições desses campos, e
a prática artesanal do fogo ainda não é bem conhecida em todas as suas
conseqüências. As pastagens são, em sua maioria, utilizadas sem grandes
preocupações com a recuperação e a manutenção da vegetação. Os campos naturais
no Rio Grande do Sul são geralmente explorados sob pastoreio contínuo e
extensivo.
Outras atividades econômicas importantes, baseadas na utilização dos
campos, são as culturas de arroz, milho, trigo e soja, muitas vezes praticadas
em associação com a criação de gado bovino e ovino. No alto Uruguai e no
planalto médio a expansão da soja e também do trigo levou ao desaparecimento
dos campos e à derrubada das matas. Atualmente, essas duas culturas ocupam
praticamente toda a área, provocando gradativa diminuição da fertilidade dos
solos. Disso também resultam a erosão, a compactação e a perda de matéria
orgânica.
PANTANAL
A CIMA - Comissão Interministerial para Preparação da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento-SI/PR, 1991, define o
Pantanal mato-grossense como “a maior planície de inundação contínua do
planeta”. Sua localização geográfica é de particular relevância, uma vez que
representa o elo de ligação entre o Cerrado, no Brasil Central, o Chaco, na
Bolívia, e a região Amazônica, ao Norte, identificando-se, aproximadamente, com
a bacia do alto Paraguai.
O Pantanal funciona como um grande reservatório, provocando uma
defasagem de até cinco meses entre as vazões de entrada e saída. O regime de
verão determina enchentes entre novembro e março no norte e entre maio e agosto
no sul, neste caso sob a influência reguladora do Pantanal.
Os solos, de modo geral, apresentam limitações à lavoura. Nas planícies
pantaneiras sobressaem solos inférteis (lateritas) em áreas úmidas
(hidromórficas) e planossolos, além de várias outras classes, todos alagáveis,
em maior ou menor grau, e de baixa fertilidade. Nos planaltos, embora
predominem também solos com diversas limitações à agricultura, sobretudo à
fertilidade, topografia ou escassez de água, existem situações favoráveis.
Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de
ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em
parte, com a floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e
semi-aquáticos, interdependentes em maior ou menor grau. Os planaltos e as
terras altas da bacia superior são formados por áreas escarpadas e testemunhos
de planaltos erodidos, conhecidos localmente como serras. São cobertos por
vegetações predominantemente abertas, tais como campos limpos, campos sujos,
cerrados e cerradões, determinadas, principalmente, por fatores de solo
(edáficos) e climáticos e, também, por florestas úmidas, prolongamentos do
ecossistema amazônico.
A planície inundável que forma o Pantanal, propriamente dito, representa
uma das mais importantes áreas úmidas da América do Sul. Nesse espaço podem ser
reconhecidas planícies de baixa, média e alta inundação, destacando-se os
ambientes de inundação fluvial generalizada e prolongada. Esses ambientes,
periodicamente inundados, apresentam alta produtividade biológica, grande
densidade e diversidade de fauna.
A ocupação da região, de acordo com pesquisas arqueológicas, se deu há,
aproximadamente, dez mil anos por grupos indígenas. A adequação de atividades
econômicas ao Pantanal surgiu do processo de conquista e aniquilamento dos
índios guatós e guaicurus por sertanistas. Foi possível implantar a pecuária na
planície inundável, que se tornaria a única economia estável e permanente até
os nossos dias. Dentro de um enfoque macroeconômico, a planície representou, no
passado, um grande papel no abastecimento de carne para outros estados do país.
No entanto, esta economia se encontra em decadência.
Uma série de atividades de impacto direto sobre o Pantanal pode ser
observada, como garimpo de ouro e diamantes, caça, pesca, turismo e
agropecuária predatória, construção de rodovias e hidrelétricas. Convém frisar
a importância das atividades extensivas nos planaltos circundantes como uma das
principais fontes de impactos ambientais negativos sobre o Pantanal.
O processo de expansão da fronteira, ocorrido principalmente após 1970,
foi a causa fundamental do crescimento demográfico do Centro-Oeste brasileiro.
A região da planície pantaneira, com sua estrutura fundiária de grandes
propriedades voltadas para a pecuária em suas áreas alagadiças, não se
incorporou ao processo de crescimento populacional. Não houve aumento
significativo em número ou população das cidades pantaneiras. No planalto,
contudo, o padrão de crescimento urbano foi acelerado. Como todas as cidades
surgidas ou expandidas nessa época, as de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não
tinham e nem têm infra-estrutura adequada para minimizar o impacto ambiental do
crescimento acelerado, causado, principalmente, pelo lançamento de esgotos
domésticos ou industriais nos cursos d’água da bacia. Esse tipo de poluição
repercute diretamente na planície pantaneira, que recebe os sedimentos e
resíduos das terras altas.
O mesmo processo de expansão da fronteira foi responsável pelo
aproveitamento dos cerrados para a agropecuária, o que causou o desmatamento de
vastas áreas do planalto para a implantação de lavouras de soja e arroz, além
de pastagens. O manejo agrícola inadequado nessas lavouras resultou, entre
outros fatores, em erosão de solos e no aumento significativo de carga de
partículas sedimentáveis de vários rios. Além disso, agrava-se o problema de
contaminação dos diversos rios com biocidas e fertilizantes.
A presença de ouro e diamantes na baixada cuiabana e nas nascentes dos
rios Paraguai e São Lourenço vem atraindo milhares de garimpeiros, cuja
atividade causa o assoreamento e compromete a produtividade biológica de
córregos e rios, além de contaminá-los com mercúrio.
Segundo a WWF (1999), existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 de
mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.
RESTINGAS E MANGUEZAIS
A costa brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância
ambiental. Ao longo do litoral brasileiro podem ser encontrados manguezais,
restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias,
estuários, recifes de corais e outros ambientes importantes do ponto de vista
ecológico, todos apresentando diferentes espécies animais e vegetais e outros. Isso
se deve, basicamente, às diferenças climáticas e geológicas da costa
brasileira. Além do mais, é na zona costeira que se localizam as maiores
presenças residuais de Mata Atlântica. Ali a vegetação possui uma
biodiversidade superior no que diz respeito à variedade de espécies vegetais.
Também os manguezais, de expressiva ocorrência na zona costeira, cumprem
funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha.
O litoral amazônico vai da foz do rio Oiapoque ao delta do rio Parnaíba.
Apresenta grande extensão de manguezais exuberantes, assim como matas de
várzeas de marés, campos de dunas e praias. Apresenta uma rica biodiversidade
em espécies de crustáceos, peixes e aves.
O litoral nordestino começa na foz do rio Parnaíba e vai até o Recôncavo
Baiano. É marcado por recifes calcíferos e areníticos, além de dunas que,
quando perdem a cobertura vegetal que as fixam, movem-se com a ação do vento.
Há ainda nessa área manguezais, restingas e matas. Nas águas do litoral
nordestino vivem o peixe-boi marinho e as tartarugas, ambos ameaçados de
extinção.
O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até São Paulo. É a área mais
densamente povoada e industrializada do país. Suas áreas características são as
falésias, os recifes e as praias de areias monazíticas (mineral de cor
marrom-escura). É dominada pela Serra do Mar e tem a costa muito recortada, com
várias baías e pequenas enseadas. O ecossistema mais importante dessa área é a
mata de restinga. Essa parte do litoral é habitada pela preguiça-de-coleira e
pelo mico-leão-dourado (espécies ameaçadas de extinção).
O litoral sul começa no Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio Grande
do Sul. Com muitos banhados e manguezais, o ecossistema da região é riquíssimo
em aves, mas há também outras espécies: ratão-do-banhado, lontras (também
ameaçados de extinção), capivaras.
A densidade demográfica média da zona costeira brasileira fica em torno
de 87 hab./km2, cinco vezes superior à média nacional que é de 17 hab./km2.
Pela densidade demográfica nota-se que a formação territorial foi estruturada a
partir da costa, tendo o litoral como centro difusor de frentes povoadoras,
ainda em movimento na atualidade. Hoje, metade da população brasileira reside
numa faixa de até duzentos quilômetros do mar, o que equivale a um efetivo de
mais de 70 milhões de habitantes, cuja forma de vida impacta diretamente os
ecossistemas litorâneos.
REFERENCIAS ELETRÔNICA:
www.google.com.br/search?q=mapa+dos+ecossistema+brasileiro&rlz=1C1RNAN_enBR486BR540&espv=210&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=-TJlUsSNAYGE9QSZtoCgAw&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=1
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